O possível significado do nome divino
A paz do Senhor! Hoje abordarei um tema amplamente debatido ao longo dos séculos, mas que permanece fascinante e profundamente edificante: o significado do nome divino. O Tetragrama (o nome divino que aparece na imagem acima e que, em nossas Bíblias, geralmente é traduzido como SENHOR em letras maiúsculas) é um tema que suscita muitas discussões quanto ao seu verdadeiro significado. Nesta publicação, porém, não tratarei da pronúncia, que também é alvo de diversas propostas (como Jeová, Javé, entre outras), mas concentrarei a atenção no sentido desse nome tão sagrado. Para isso, realizarei uma análise contextual cuidadosa, a fim de extrairmos a compreensão mais precisa e enriquecedora possível desse assunto tão sublime e abençoado.
Antes de entrarmos no estudo do Tetragrama, é indispensável destacar o que ocorre em Êxodo 3:13-14. O texto afirma:
"Então disse Moisés a Deus: Eis que, quando vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós, e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SEREI O QUE SEREI. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SEREI me enviou a vós." (Êxodo 3:13-14)
Embora muitas traduções vertam a expressão para o presente ("Eu sou"), o mais coerente com o hebraico é entendê-la no futuro: "Eu serei". Isso porque a mesma forma verbal, אֶהְיֶה (ehyeh), aparece poucos versículos antes, quando Deus declara: "Eu serei contigo" (Êx 3:12), e volta a ocorrer no capítulo seguinte, quando Ele reafirma: “Eu serei com a tua boca” (Êx 4:15).
Portanto, o próprio contexto imediato mostra que se trata da mesma construção hebraica, usada de maneira consistente para expressar a presença ativa e futura de Deus junto ao seu servo.
É evidente que muitos irmãos farão uma ligação direta entre Êxodo 3:14 e João 8:58. No entanto, entendo que a declaração de divindade em João 8:58 não depende necessariamente dessa conexão com Êxodo 3, mas do próprio uso de "Eu sou", sem predicativo do sujeito e relacionado ao tempo, o que possivelmente transmite a ideia de eternidade. Essa compreensão parece receber apoio na Septuaginta, por exemplo, em Isaías 41:4, que declara: "Eu, Deus, sou o primeiro, e com as coisas que hão de vir, Eu sou." Da mesma forma, Isaías 46:4 no texto grego reforça essa ideia ao repetir a expressão: "Até à vossa velhice, Eu sou, e até quando envelhecerdes, Eu sou; Eu vos sustentarei, Eu vos carregarei e vos salvarei."
"E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR (YHVH), o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração." Êxodo 3:15 ARC
Agora, voltando ao nome do Criador e considerando o contexto imediato, a interpretação que mais se aproxima de seu verdadeiro significado é aquela que se fundamenta no que circunda o versículo 15 de Êxodo 3. É digno de nota que o Tetragrama sagrado deriva da mesma raiz hebraica do verbo "ser". Diante disso, não seria nenhum exagero (nem uma inferência indevida) compreender o Nome divino à luz da própria perícope em que Ele Se revela como aquele que "será" junto ao Seu povo. Aliás, façamos questão de ver a opinião de um especialista no assunto, que é o doutor Carlos Augusto Vaillati:Em conclusão, quando olhamos com atenção para Êxodo 3, percebemos que o próprio texto nos mostra que o Nome de Deus está diretamente ligado à Sua presença constante e fiel ao lado do Seu povo. A repetição da expressão "Eu serei" revela que o Senhor se apresenta como Aquele que estará com Seus servos em cada momento, guiando, fortalecendo e cumprindo Suas promessas. Assim, o Nome divino não é apenas um título, mas a garantia de que Deus é o Deus vivo, que age, que cuida e que continua presente na história de todos os que confiam n’Ele.

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