Uma nova tendência do mercado
A paz do Senhor! Nesta publicação, quero mostrar como ser pastor se tornou um excelente negócio para quem tem espírito empreendedor — desde que a legalidade importe mais que a moralidade. Abordarei alguns dos principais desafios enfrentados pelos empresários atualmente, e como o "empreendedor-pastor" consegue driblá-los com surpreendente facilidade, além de mostrar desafios que podem ser facilmente superados. Por isso, toma um remedinho para o estômago e sigamos para esse assunto "interessante".
Ah, impostos!
O primeiro terror do empresário se chama tributos. Na realidade, esse é um dos principais motivos que desanimam o povo de querer abrir o próprio negócio no país. A carga de impostos é tão pesada que muitos acabam desistindo antes mesmo de começar.
Porém, meus amados, os templos religiosos não enfrentam esse problema. O Código Tributário, no seu artigo 9º, declara que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar impostos de templos de qualquer culto. Ou seja, enquanto o pequeno empresário sofre para manter seu negócio funcionando, o empreendedor-pastor já começa o jogo com uma bela vantagem no bolso.
Mão de obra gratuita
Outro problemão para o empresário comum é ter que pagar salários para quem trabalha pra ele — o que, convenhamos, é mais do que justo. Afinal, ninguém merece trabalhar de graça, certo? Errado. No meio religioso, isso é mais comum do que parece.
Muitos irmãos se dedicam de corpo, alma e espírito achando que estão servindo a Deus, quando, na verdade, nem sabem exatamente para onde está indo o dinheiro arrecadado. Os cultos viram verdadeiras feiras, com pessoas vendendo fora do templo e trabalhando sem receber absolutamente nada.
Dentro da igreja, praticamente tudo funciona na base do voluntariado: desde a limpeza até grandes reformas em casas pastorais — tudo feito com a melhor das intenções, mas sem nenhuma remuneração. Um verdadeiro paraíso para o empreendedor que não quer gastar com mão de obra.
E se você pensa que é só isso, está enganado. Todo empresário precisa pagar ao governo uma série de encargos trabalhistas, como FGTS, INSS e outros tributos relacionados à contratação de funcionários. É um custo fixo pesado que não tem como evitar.
Mas no caso mencionado anteriormente, isso simplesmente não existe. Como a maior parte do trabalho nas igrejas é feita por voluntários, não há vínculo empregatício, nem obrigações com o governo. Ou seja, o “empreendedor da fé” economiza uma fortuna com mão de obra — tudo dentro da legalidade, sem assinar carteira, sem pagar impostos, e ainda sendo visto como servo de Deus.
Breve manual para aumentar a renda
Sim, é verdade que esse tipo de negócio oferece muitas vantagens legais. Mas isso não é sinônimo de dinheiro em caixa. Como em qualquer empreendimento, é preciso estratégia para fazer o negócio crescer.
Uma das principais táticas é atrair bons contribuintes. Por exemplo, o seu José, que é fazendeiro, e a dona Maria, que é empresária. Pessoas assim, com boa condição financeira, precisam ser bem acolhidas. Uma forma eficaz de mantê-las firmes na igreja — e ao mesmo tempo estimulá-las a contribuir regularmente — é oferecer cargos de “responsabilidade”, como liderança de ministérios, departamentos ou até mesmo o presbitério. Assim, além de se sentirem valorizadas, passam a ter um vínculo mais forte com a instituição e, naturalmente, com o compromisso financeiro também.
Como expandir para novos setores
Como se não bastasse, há ainda a possibilidade de expansão para outros setores. Todos sabemos que político adora duas coisas: aglomeração de pessoas e voto. E onde há igreja cheia, há influência.
Com uma boa articulação, o pastor-empreendedor pode negociar apoio político em troca de cargos públicos para seus familiares ou pessoas próximas. Dessa forma, além de viver dos dízimos, das ofertas e da imunidade tributária da igreja, ele também passa a usufruir dos impostos pagos pela população através da máquina pública. É, portanto, o melhor dos mundos: renda vinda da fé e do Estado, tudo dentro de uma estrutura montada para parecer espiritual, mas que, na prática, funciona como um negócio altamente lucrativo e bem articulado.
Como lidar com opositores
Para um pastor com espírito empreendedor, opositores sempre surgirão — afinal, nem todos enxergam as “visões” com a mesma clareza. O segredo? Silenciar a oposição com estratégia. Reúna ao seu redor um grupo fiel de admiradores entusiasmados, que repitam seus ensinamentos com devoção. Com isso, qualquer voz discordante se tornará um sussurro diante do coro dos bajuladores. Se os rebeldes se sentirem excluídos ou desacreditados, especialmente pela massa que os ignora, é só uma questão de tempo até buscarem outro caminho.
Investindo em espetáculo
A maneira mais eficaz de manter os fiéis — ou melhor, os “clientes” — é transformar a igreja em um verdadeiro centro de entretenimento. O povo ama uma boa festa, talvez mais do que qualquer outra coisa. Para isso, nada melhor do que trazer cantores famosos e pregações recheadas de autoajuda. Assim, o público se sente acolhido, animado e, acima de tudo, motivado a voltar. Afinal, quem resiste a um show com uma pitada de espiritualidade?
Em suma, ser pastor com espírito empreendedor se mostra um negócio extremamente vantajoso no Brasil — e não apenas pela fé. A imunidade tributária, a mão de obra voluntária, o poder de articulação política e a capacidade de transformar o culto em espetáculo fazem com que o “empreendimento religioso” funcione com margens de lucro invejáveis e uma blindagem quase impenetrável. Tudo isso dentro da legalidade, embora nem sempre dentro da moralidade. Fiquem com Deus e com este versículo:
"E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade; movidos pela ganância, também vos explorarão com suas artimanhas. Sua condenação desde há muito tempo não tarda, e a sua destruição não está inerte." 2Pedro 2:2-3 ARC
Comentários
Postar um comentário