Paulo e a vinda do perfeito (I Co. 13:10)
A paz do Senhor! 1 Coríntios 13:10 é um versículo que gera muitas discussões devido ao significado da expressão "quando vier o que é perfeito". Nesse trecho, Paulo fala sobre a superioridade do amor e sugere que, com a chegada do "perfeito", os dons espirituais serão "tornados inativos". No entanto, o que exatamente seria esse "perfeito"? Para alguns, é a maturidade espiritual, para outros, refere-se à volta de Cristo e ao estabelecimento do cânon do Novo Testamento. A interpretação desse versículo tem gerado diferentes opiniões, e neste texto vamos explorar as possíveis leituras, buscando entender o que Paulo quis dizer e como isso se aplica à nossa fé.
"[8] O amor nunca falha; e, seja que existam profecias, elas se tornarão inúteis; sejam línguas, elas cessarão; seja conhecimento, ele se tornará inútil; [9] pois em parte conhecemos, e em parte profetizamos; [10] e quando aquilo que é perfeito chegar, então aquilo que é em parte será abolido. [11] Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança; e, quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de criança; [12] pois agora vemos em um espelho, obscurecidamente, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, assim como também fui plenamente conhecido; [13] e agora permanecem a fé, a esperança, o amor — esses três; mas o maior destes é o amor." 1 Coríntios 13:8-13 (YLT98):
Para nos aprofundarmos um pouco mais sobre o real sentido, é sempre bom vermos o significado original da passagem. Nesse sentido, o termo grego para "perfeito" em 1 Coríntios 13:10 é "teleios", que significa "completar". Isso sugere que, quando o "completo" chegar, o que é "em parte" se tornará, originalmente, "inoperante" ou "inativo" (katargéō). O versículo fala de uma mudança, onde algo que é parcial e temporário vai ser substituído por algo pleno e definitivo. A questão que fica é: o que seria esse "completo" e como ele se relaciona com o que vivemos hoje e com o futuro da igreja?
"[11] E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, [12] querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, [13] até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, [14] para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente. [15] Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, [16] do qual todo o corpo, bem-ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor." (Efésios 4:11-16 ARC)
Curiosamente, Efésios 4 se torna a chave para entender 1 Coríntios 13:10. Nesse capítulo, assim como em 1 Coríntios 13, Paulo fala sobre os dons e ministérios dados ao povo de Deus para que cheguem à "perfeita (teleios) varonilidade". A ideia de "teleios" aqui é a mesma que aparece em 1 Coríntios 13:10, ou seja, um estado de maturidade e completude. Em Efésios, Paulo descreve o objetivo desse processo de crescimento espiritual: que a igreja alcance a "plenitude de Cristo" (Efésios 4:13). Isso significa que, assim como em 1 Coríntios 13, o "perfeito" ou "completo" não é uma coisa isolada, mas refere-se ao amadurecimento espiritual da igreja, que, ao ser plenamente transformada, não precisará mais dos dons temporários. Portanto, a ideia de "teleios" em ambos os textos está ligada ao crescimento e à maturidade da igreja em Cristo.
Nos dias atuais, em meio a uma crescente apostasia, os dons se tornam ainda mais essenciais. Dons como o de profecia, com o propósito de edificar, exortar e consolar (I Coríntios 14:3), são indispensáveis para combater o engano, corrigir o rumo e fortalecer os que permanecem firmes. Em tempos de tanta confusão espiritual, é por meio desses dons que Deus continua a falar, trazendo direção e esperança ao seu povo, enquanto muitos se perdem na incredulidade. Aliás, no mundo de hoje, cheio de supostos "profetas", ninguém poderá afirmar que o discernimento de espírito (I Coríntios 12:10) seja algo que deva ser inoperante.
Em conclusão, os dons espirituais, especialmente os maiores como a profecia, continuam sendo essenciais para a edificação da igreja, pois têm a função de exortar, consolar e edificar os irmãos na fé. A profecia, em particular, é destacada como um dom que traz orientação direta de Deus para a congregação, ajudando os crentes a se manterem firmes e alinhados com a verdade divina. Embora a maturidade espiritual plena só será alcançada na volta de Cristo, até lá, os dons, especialmente a profecia, são instrumentos indispensáveis para guiar a igreja em um mundo que, em vez de crescer, muitas vezes regrede espiritualmente. Esses dons permanecem em ação, cumprindo seu propósito de fortalecer a fé e preparar os crentes para o retorno do Senhor.
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