O reino de Jesus é só espiritual?

 

Reino de Cristo

Paz do Senhor! A visão preterista, que defende que o reino de Jesus é apenas espiritual e que já foi totalmente cumprido no passado, é uma interpretação bastante limitada das Escrituras. Essa visão não leva em conta toda a riqueza do que a Bíblia diz sobre o reino de Cristo, que não se resume apenas ao aspecto espiritual, mas também envolve uma manifestação física e real no futuro, quando Jesus retornar para reinar de forma definitiva. Vamos explorar um pouco mais sobre o que as Escrituras realmente falam sobre esse reino, com foco na glorificação e ressurreição, que são temas centrais da ortodoxia cristã. 

Paixão desenfreada pelo ano 70 d. C.

Os preteristas costumam resumir toda a sua crença no ano 70 d.C., acreditando que naquele momento tudo o que foi prometido já se cumpriu. Esse foco exclusivo no passado chega a ser uma interpretação até mesmo doentia, pois ignora os detalhes claros das Escrituras que apontam para um reino futuro e ainda não realizado por completo. Eles falham em considerar as promessas que envolvem a vinda de Cristo em glória, a renovação do mundo e o estabelecimento de um governo eterno e visível.

O corpo glorificado 

Um texto chave que reflete a natureza física e futura do reino é Mateus 13:43, onde Jesus diz: "Então, os justos resplandecerão como o sol no reino de seu Pai." Muitos preteristas alegam que essa expressão é figurada, mas o próprio Cristo se apresenta de forma literal e gloriosa em Mateus 17:2, quando, durante a transfiguração, Ele aparece resplandecente "como o sol", demonstrando de forma visível e tangível a glória do Seu reino. Isso nos dá uma ideia clara de como será o futuro, quando Ele voltar em glória para estabelecer Seu reino de maneira visível e física. Além disso, todos os elementos associados à Sua vinda, como a nuvem e a glória mencionadas em Mateus 17, são observados de maneira literal, assim como é descrito em passagens como Mateus 24:30, em que Ele voltará com grande poder e glória, visíveis a todos. O próprio exemplo de Jesus, em que Ele se revela na glória, nos aponta para o cumprimento literal da promessa que Ele fez aos justos.

Como se não bastasse, Mateus 13:43 e Mateus 17:2 estão em total harmonia com 1 Coríntios 15, onde o apóstolo Paulo descreve o reino de Cristo e a transformação do corpo. Em 1 Coríntios 15:50-54, Paulo fala da transformação que os justos sofrerão quando Cristo voltar, explicando que o corpo corruptível será revestido de incorruptibilidade e que a morte será vencida. O versículo 43, em que Jesus diz que os justos "resplandecerão como o sol no reino de seu Pai", também se alinha com o ensino de Paulo sobre o corpo glorificado, que será transformado para refletir a glória do reino eterno de Cristo. Assim como há uma ligação linguística e contextual entre Mateus 13:43 e 17:2, que falam de resplendor e glória, 1 Coríntios 15:49 afirma que "assim como trouxemos a imagem do terreno, traremos também a imagem do celestial", corroborando ainda mais a ideia de que os justos, ao serem transformados, refletirão a glória do próprio Cristo em Seu reino. Ambos os textos indicam uma realidade futura, física e gloriosa, onde o reino de Cristo será plenamente estabelecido e os redimidos participarão de Sua glória.

A ressurreição 

Falando de ressurreição, o preterismo foge de 1 Coríntios 15 como o diabo foge da cruz (rs!). Para os preteristas, o reino e a vinda de Jesus não são literais, e eles aplicam a mesma abordagem figurada à ressurreição. Para eles, a ressurreição dos justos não seria uma transformação física e real, mas sim uma ressurreição espiritual, representando uma mudança interna no coração do crente ou uma metáfora para um novo começo na história da igreja. Essa interpretação ignora a clareza das Escrituras sobre a ressurreição literal.

No entanto, em 1 Coríntios 15, a ressurreição dos justos é colocada no mesmo sentido da de Cristo, que foi física e real. Paulo questiona diretamente essa ideia ao afirmar, em 1 Coríntios 15:13-14, que "se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vã, e a vossa fé também é vã." Paulo deixa claro que a ressurreição é um evento literal e essencial para a fé cristã. A ressurreição de Cristo é o modelo e a garantia de que os crentes também experimentarão uma ressurreição física, no fim dos tempos, como Ele mesmo demonstrou após Sua morte. Assim, a interpretação preterista falha em compreender a ressurreição conforme a Bíblia a descreve, tratando-a de maneira figurada quando, na realidade, ela é um evento futuro e literal.

O caso de Lázaro também é outro grande desafio para a interpretação preterista. Marta, irmã de Lázaro, deixa claro em João 11:24 que ela acreditava em uma ressurreição futura e literal, dizendo: "Sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia." Essa afirmação reflete uma esperança de ressurreição física no fim dos tempos, e não uma ressurreição figurada. A resposta de Jesus em João 11:25-26, ao declarar "Eu sou a ressurreição e a vida", reforça a realidade de uma ressurreição literal, antecipada pelo milagre da ressurreição de Lázaro. Esse evento é uma clara demonstração de que a Bíblia ensina uma ressurreição física no futuro, desafiando a visão preterista, que tende a espiritualizar ou simbolizar a ressurreição.

Todavia, o maior problema para a interpretação preterista está na base bíblica sobre a ressurreição, que se encontra em textos fundamentais como Isaías e Daniel. Em Daniel 12:2, lemos: "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno." A referência ao "pó da terra" remonta diretamente à descrição encontrada em Gênesis 3:19, quando Deus diz a Adão: "Tu és pó, e ao pó retornarás." Isso enfatiza a natureza física e literal da morte humana, pois o corpo é retornado ao pó após a morte.

Essa conexão entre Gênesis e Daniel é crucial para entender que a ressurreição proposta nas Escrituras não pode ser vista como algo espiritual ou figurado. O texto de Daniel sugere claramente que a ressurreição é uma reversão do castigo descrito em Gênesis, ou seja, a restauração da vida do corpo físico, que havia retornado ao pó devido ao pecado. A promessa de que "muitos dos que dormem no pó da terra" ressuscitarão implica uma ação literal de Deus, que trará de volta à vida aqueles que morreram fisicamente, contrariando a ideia de uma ressurreição apenas espiritual ou simbólica.

Além disso, esse entendimento se alinha com a doutrina de toda a Escritura sobre a ressurreição, que envolve não apenas uma transformação espiritual, mas também uma restauração física, como evidenciado pela própria ressurreição de Cristo, que foi física e visível. Portanto, ao aplicar uma interpretação espiritual ou figurada a textos como Daniel 12:2, os preteristas desconsideram a conexão clara entre a morte física e a promessa de uma ressurreição literal que reverte essa condição, conforme descrito tanto em Gênesis quanto nos profetas.

Em resumo, a interpretação preterista, que limita o reino de Cristo a um cumprimento exclusivo no passado, falha em considerar a totalidade das Escrituras, que apontam para uma realização futura e literal das promessas de Deus. As passagens bíblicas são claras ao descreverem o retorno de Cristo em glória, a transformação física dos justos e a ressurreição literal, que não pode ser reduzida a uma metáfora ou mudança espiritual interna. A ressurreição física, assim como a vinda do reino de Cristo, é um evento futuro, visível e tangível, conforme evidenciado pelos textos de Mateus, 1 Coríntios, João, Daniel e outros. Ignorar esses aspectos é desconsiderar o ensino claro e consistente da Bíblia sobre um reino físico e uma ressurreição literal. Portanto, a visão preterista, ao espiritualizar essas promessas, perde de vista a magnitude do plano redentor de Deus, que se cumprirá plenamente no futuro, quando Cristo voltar para estabelecer Seu reino de maneira definitiva e visível.

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