A "breve" volta de Jesus

 


Ao longo dos séculos, a promessa da vinda iminente do Senhor tem sido um dos temas centrais da esperança cristã. No entanto, muitos intérpretes cometem um erro básico ao tentar restringir essa vinda a um período específico, como o ano 70 d.C., alegando que Jesus veio simplesmente em juízo sobre Jerusalém, interpretando erroneamente passagens que falam da proximidade de Sua vinda. Essa abordagem ignora todo o contexto escatológico das Escrituras e o significado espiritual da palavra "breve", que aponta para a urgência e vigilância contínua e, principalmente, a ótica divina do tempo.

Antes de aprofundamentos, vejamos textos com esse entendimento:

1. Apocalipse 22:7 – "Eis que venho sem demora."

2. Apocalipse 22:12 – "Eis que venho sem demora, e comigo está a recompensa."

3. Apocalipse 22:20 – "Certamente, venho sem demora."

4. Filipenses 4:5 – "Perto está o Senhor."

5. Hebreus 10:37 – "Ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá, e não tardará."

6. Tiago 5:8 – "Sede vós também pacientes; fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima."

7. 1 Pedro 4:7 – "Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios em oração."

Embora esses textos tragam a conotação de pouco tempo, a pergunta que devemos fazer é: pouco tempo na ótica de quem? A resposta é simples: na ótica de Deus. A Segunda Carta de Pedro deixa isso muito claro: "Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia" (2 Pedro 3:8). Logo, para Deus, dois mil anos são como dois dias, um breve tempo para Aquele que não está limitado pelo nosso conceito de cronologia. Assim, Ele não tarda sua promessa, mas age de acordo com o Seu tempo perfeito.

Na própria Segunda Carta de Pedro, há uma referência clara a pessoas que questionam o tempo da vinda de Cristo, alegando que está demorando. Pedro escreve: "Nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação" (2 Pedro 3:3-4). Essa atitude é semelhante à dos preteristas, que argumentam que a demora invalida a expectativa de uma vinda literal futura. No entanto, Pedro reafirma que essa aparente demora não é falha, mas paciência de Deus, que não quer que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento (2 Pedro 3:9). Assim, o tempo divino deve ser entendido à luz de Sua misericórdia e propósito eterno, e não das limitações humanas.

Esse padrão de perspectiva divina, onde o cumprimento das promessas de Deus transcende o tempo humano, também é evidente no Antigo Testamento. Um exemplo claro é Isaías 9, uma profecia messiânica que descreve o nascimento e o governo do Messias usando predominantemente verbos no passado, como se os eventos já tivessem acontecido: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu" (Isaías 9:6). O profeta até afirma que o reinado de paz do Messias seria estabelecido "DESDE AGORA e para sempre" (Isaías 9:7). Contudo, sabemos que nem Jesus nem outro rei experimentou um reinado de paz naquele período histórico. O senso de urgência é, portanto, comum na literatura bíblica. 

Além disso, o contexto imediato reforça essa interpretação. Isaías 8 descreve um tempo de tribulação iminente, com o juízo sobre Jerusalém e Samaria, contradizendo qualquer ideia de paz naquela época. Isso evidencia que o profeta, sob inspiração divina, estava apresentando o plano eterno de Deus, em que o futuro é declarado com a certeza de algo já consumado. Essa visão não é limitada pelo tempo humano, mas reflete o cronograma divino, em que as promessas se cumprem no momento exato segundo os propósitos de Deus, e não de acordo com as expectativas humanas.

Em conclusão, a promessa da vinda iminente de Cristo nos lembra constantemente da urgência em vivermos com vigilância, esperança e fé. Embora o conceito de tempo humano nos leve a questionar os planos de Deus, as Escrituras deixam claro que Sua perspectiva transcende nossa compreensão limitada. O "breve" tempo de Deus não é uma medida de atraso, mas de paciência e misericórdia, como vemos nas palavras de Pedro. Deus, em Seu tempo perfeito, cumprirá todas as Suas promessas, como já revelou nas Escrituras, seja no Antigo ou no Novo Testamento. O chamado, portanto, é para que estejamos preparados, mantendo nossos corações voltados para o Senhor, com a certeza de que Ele virá para completar Sua obra redentora no tempo exato de acordo com Sua vontade soberana. Que a esperança de Sua vinda transforme nossa vida hoje, nos motivando a viver em santidade, amor e prontidão.



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