A Besta e sua ferida mortal
Apocalipse 13:3 NAA
"[3] Uma das cabeças da besta parecia ter sido golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada. E toda a terra se maravilhou, seguindo a besta;"
O tema da chaga mortal curada da besta, descrito em Apocalipse 13:3, é motivo de grande controvérsia entre estudiosos e teólogos. Para alguns, a passagem faz referência a um reino futuro que existia nos dias do apóstolo João ou passaria a existir, mas que seria destruído e posteriormente restaurado, assumindo novamente um papel de destaque no cenário mundial. Outros, no entanto, interpretam a chaga curada como a restauração de um império ou poder que já não existe, mas que será revivido nos últimos tempos para cumprir seu papel profético. Essas perspectivas divergentes tornam a interpretação da chaga um ponto central nas discussões sobre os eventos finais e o destino das nações.
O principal argumento em favor da ideia de um reino futuro, que será destruído e restaurado, se baseia na semelhança entre a ferida da besta e a ferida do Cordeiro, descrita em Apocalipse 5:6. A besta parece reproduzir, de maneira maligna, a morte e ressurreição de Cristo, sugerindo uma imitação satânica que visa enganar o mundo. Assim como Cristo sofreu e ressuscitou para trazer salvação, a besta, ao ter sua chaga mortal curada, imitaria esse evento de forma deturpada, buscando restabelecer sua autoridade e poder sobre as nações. Esse paralelo entre a ferida da besta e a do Cordeiro é frequentemente citado para sustentar a ideia de que a besta representa um poder que ressurgirá nos últimos tempos, enganando muitos com sua falsa ressurreição.
Apocalipse 5:6 NAA
"[6] Então vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, em pé, um Cordeiro que parecia que tinha sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados por toda a terra."
Porém, outro argumento parece ser mais coerente. Em Apocalipse 13:3, a ideia apresentada é idêntica à de Apocalipse 17, onde a besta é descrita como "a que era, e já não é, e há de subir do abismo" (Apocalipse 17:8). Essa descrição indica claramente que a besta é um poder que já existiu, mas não existe mais no tempo de João, e que será restaurado no futuro. Isso sugere que a chaga mortal curada não se refere a um reino futuro que seria destruído nos dias do apóstolo, mas sim a um império ou poder que já havia caído antes e será revivido nos últimos dias. Essa interpretação reforça a visão de que a besta é um símbolo de um império histórico que retornará, confundindo e enganando o mundo ao assumir um papel de proeminência no final dos tempos.
Apocalipse 17:8 NAA
" a besta que você viu era e não é mais, e está para emergir do abismo, e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é mais, mas tornará a aparecer."
Outro elemento que apoia essa perspectiva é o fato de que a besta descrita em Apocalipse 13:1-2 tem características dos reinos apresentados em Daniel 7, como o leopardo, o urso e o leão, que representam os antigos impérios da Babilônia, Medo-Persa e Grécia. A fusão desses elementos na figura da besta aponta para uma continuidade histórica, sugerindo que a besta seja a culminação de poderes antigos que já caíram, mas cujos vestígios se unem no final dos tempos. Isso fortalece a ideia de que a besta representa um poder ressurgido, composto pelos restos desses impérios, que se levantará uma última vez para dominar o cenário mundial antes de sua destruição final.
Apocalipse 13:2 NAA
"A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E o dragão deu à besta o seu poder, o seu trono e grande autoridade."
Daniel 7:4-6 NAA
"[4] — O primeiro era como um leão e tinha asas de águia. Enquanto eu olhava, as suas asas foram arrancadas, ele foi levantado da terra e posto em pé, para que andasse como homem; e foi dada a ele uma mente humana. [5] — A seguir, apareceu o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou sobre um dos seus lados. Na boca, entre os dentes, trazia três costelas. E lhe diziam: 'Levante-se e devore muita carne.'[6] — Depois disto, continuei olhando, e eis que apareceu outro animal, semelhante a um leopardo. Tinha nas costas quatro asas de ave. Este animal tinha também quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio."
A semelhança entre as visões de Daniel e Apocalipse é tão marcante que tanto a besta de Apocalipse quanto os animais de Daniel emergem do mar, reforçando o vínculo entre esses textos proféticos. Em Daniel 7:3, quatro grandes animais, que simbolizam reinos poderosos, surgem do mar, representando diferentes impérios ao longo da história. Da mesma forma, em Apocalipse 13:1, João vê uma besta subir do mar, composta por elementos dos mesmos animais de Daniel, como o leopardo, o urso e o leão.
Diante dessas interpretações, a questão da chaga mortal curada da besta permanece um enigma que gera debates intensos. Enquanto alguns veem a besta como uma imitação maligna de Cristo, ressurgindo no futuro após sua destruição, a visão mais coerente parece ser a de que a besta representa um poder que já existiu, foi derrotado, e voltará à proeminência nos últimos tempos, conforme Apocalipse 17. A conexão com os reinos descritos em Daniel 7 reforça essa perspectiva, sugerindo que o filho da perdição representará na terra um conglomerado de impérios antigos que se unirá para exercer seu domínio final antes do juízo de Deus. Assim, a simbologia da chaga curada reflete um retorno enganoso de uma autoridade corrupta, culminando nos eventos escatológicos finais.
Referência:
PIXABAY. Imagem de Domenico Picchi. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/domenico-picchi-fracasso-roma-2139451/. Acesso em: 09 set. 2024.
Muito bom
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