O [mau] uso preterista de Isaías 19

 


A paz do Senhor! Hoje falarei sobre o uso preterista de Isaías 19 para tentar refutar a vinda literal de Jesus no fim dos tempos. Como sempre, muitos amigos, por falta de conhecimento ou desonestidade, contam a história pela metade, gerando assim uma heresia. E esse é o caso dos preterista totais.

Para quem não conhece, os preteristas totais são um grupo de “cristãos” que afirmam que Cristo já veio, não literalmente, mas em forma de juízo no ano 70 d.C. sobre Jerusalém. Para confrontarmos essa ideia, usamos de cara a passagem abaixo para dizer que tal acontecimento não ocorreu:

Mateus 24:30 NVI

[30] “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória.

E para fechar o caixão herético inserimos mais esta passagem:

Atos 1:10-11 NVI

[10] E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele subia. De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, [11] que lhes disseram: “Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma como o viram subir”.

Isso já  é muito convincente para acreditarmos que Jesus ainda não veio, mas é aí que muitos, por amor às suas ideologias, citam a passagem abaixo:

Isaías 19:1 NVI

·        [1] Advertência contra o Egito: Vejam! O Senhor cavalga numa nuvem veloz que vai para o Egito. Os ídolos do Egito tremem diante dele, e os corações dos egípcios se derretem no íntimo.

Sejamos sinceros em admitir: a passagem até parece um pouco com a descrição de Mateus, embora ela tenha um teor simbólico; e Mateus, literal. Mas baseado no verso acima, que fala da vinda de Deus em juízo sobre o Egito, o preterista total declara que o mesmo ocorreu com Jerusalém.

O erro de muitos é esquecer de ler todo o contexto bíblico e ficar apenas nas referências cruzadas. Vou mostrar mais uma passagem para esclarecer melhor:

Salmos 18:6-11 NVI

[6] Na minha aflição clamei ao Senhor; gritei por socorro ao meu Deus. Do seu templo ele ouviu a minha voz; meu grito chegou à sua presença, aos seus ouvidos. [7] A terra tremeu e agitou-se, e os fundamentos dos montes se abalaram; estremeceram porque ele se irou. [8] Das suas narinas subiu fumaça; da sua boca saíram brasas vivas e fogo consumidor. [9] Ele abriu os céus e desceu; nuvens escuras estavam sob os seus pés. [10] um Montou um querubim e voou, deslizando sobre as asas do vento. [11] Fez das trevas o seu esconderijo; das escuras nuvens, cheias de água, o abrigo que o envolvia.


A passagem acima retrata a libertação de Davi das mãos de Saul. No salmo, Deus viria em fogo e sobre as nuvens para salvar Davi. Um preterista que ver essa passagem logo irá ao delírio, já que ela traz elementos similares a Isaías 19 e a vinda de Jesus, em que o mesmo virá para nos redimir. Mas aí está o X da questão: tanto a vinda do Senhor sobre as nuvens de Isaías 19 quanto do Salmo 18, que são simbolismo de juízo e salvação, tem como pano de fundo outro texto:

Êxodo‬19:16‭-‬19‬NVI‬

[16] Ao amanhecer do terceiro dia houve trovões e raios, uma densa nuvem cobriu o monte, e uma trombeta ressoou fortemente. Todos no acampamento tremeram de medo. [17] Moisés levou o povo para fora do acampamento, para encontrar-se com Deus, e eles ficaram ao pé do monte. [18] O monte Sinai estava coberto de fumaça, pois o Senhor tinha descido sobre ele em chamas de fogo. Dele subia fumaça como que de uma fornalha; todo o monte tremia violentamente, [19] e o som da trombeta era cada vez mais forte. Então Moisés falou, e a voz de Deus lhe respondeu.

Sim, é isso mesmo, embora Isaías 19 e o salmo 18 sejam alegóricos, eles são baseados em algo que aconteceu literalmente. É muito comum algo simbólico ter como pano de fundo algo real. Veja mais um caso:

‭2 Crônicas‬ ‭34:25‬ ‭NVI‬

[25] Porque me abandonaram e queimaram incenso a outros deuses, provocando a minha ira por meio de todos os ídolos que as mãos deles têm feito, minha ira arderá contra este lugar e não será apagada’. 

O texto acima é realmente figurado, mas tem como pano de fundo algo literal:

Números 11:1-3 ARC

[1] E aconteceu que, queixando-se o povo, era mal aos ouvidos do Senhor; porque o Senhor ouviu-o, e a sua ira se acendeu, e o fogo do Senhor ardeu entre eles e consumiu os que estavam na última parte do arraial. [2] Então, o povo clamou a Moisés, e Moisés orou ao Senhor, e o fogo se apagou. [3] Pelo que chamou aquele lugar Taberá, porquanto o fogo do Senhor se acendera entre eles.

Mas voltemos a Êxodo e meditemos agora nas seguintes palavras: nuvem, toque de trombeta, encontro com Deus. Isso não nos lembra alguma coisa? Não entendeu ainda? Vamos nos aprofundar ainda mais:

Êxodo 24:15-17

[15] Moisés subiu o monte, e uma nuvem cobriu o monte. [16] A glória do Senhor descansou sobre o monte de Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; ao sétimo dia, do meio da nuvem, chamou a Moisés. [17] Era a aparência da glória de Jeová como um fogo consumidor sobre o cume do monte aos olhos dos filhos de Israel.

Ou seja, todos os elementos da vinda de Jesus estão presentes na passagem de Êxodo. Como mencionei anteriormente, o problema do preterismo é simplesmente não ler toda a Bíblia. Com isso, não percebem que até as passagens que citam têm um pano de fundo real.

Teremos, portanto, em escala mundial o que já aconteceu no tempo de Moisés, só com uma diferença: naquele tempo, o povo não pôde se aproximar do Senhor; agora, pelo sangue de Cristo, estaremos para sempre com Ele:

1Tessalonicenses 4:16-17 TB

[16] porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, com voz de arcanjo e com trombeta de Deus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. [17] Então, nós, que estivermos vivos e formos deixados, seremos arrebatados, em nuvens, juntamente com eles ao encontro do Senhor nos ares; e, assim, ficaremos sempre com o Senhor.

 

 

 

 

 

 

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