A mulher de Apocalipse 12 se prostituiu?
Apocalipse 17:1-3 TB
[1] Veio um dos sete anjos que tinham as sete taças e falou comigo: Vem cá, e mostrar-te-ei a sentença da grande prostituta que está sentada sobre muitas águas. [2] Com ela fornicaram os reis da terra, e os habitantes da terra foram embebedados com o vinho da sua fornicação. [3] Então, ele me levou, pelo Espírito, a um deserto. Vi uma mulher sentada sobre uma besta cor de escarlata, cheia de nomes de blasfêmia, que tinha sete cabeças e dez chifres.
O que mais atrai as pessoas na interpretação de que sejam a mesma mulher seja a palavra deserto do versículo 3. A intenção seria logo ligar com o deserto do capítulo 12. Entretanto, o próprio versículo 1 deixa claro que ela não está em nenhum deserto, mas assentada sobre muitas águas, embora simbólicas (Ap 17:15). Na realidade, o próprio Apocalipse mostra navegadores nessa cidade (Ap 18:17-19). O próprio texto é claro em dizer que quem estava no deserto era João.
Bem, tendo essas informações em mente, agora veremos se a mulher do capítulo 12 realmente se prostituiu. Vejamos o texto:
Apocalipse 12:14-16 TB
[14] Foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, a fim de voar para o deserto, ao seu lugar, onde é alimentada um tempo, dois tempos e a metade de um tempo, fora da presença da serpente. [15] A serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para fazer que ela fosse arrebatada pela corrente. [16] Mas a terra ajudou à mulher; abriu a terra a sua boca e engoliu o rio que o dragão tinha vomitado da sua boca.
As partes em colorido são fundamentais para acharmos a resposta. Em primeiro lugar o tempo, dois tempos e metade de um tempo são o mesmo período de Apocalipse 13:5 (quarenta e dois meses), era em que a besta domina. Sabemos que o dragão, segundo a narrativa bíblica, dar todo o seu poder para a besta, que governa por esse tempo, e nessa época, a mulher estará fora da presença da serpente. A maioria dos cristãos que acreditam que sejam a mesma mulher em períodos diferentes vai dizer que a mulher se corrompe durante esses 3,5 anos; mas o texto diz praticamente o contrário.
O restante do texto traz também detalhes importantes para a discussão. As águas correntes que saem da boca da serpente para arrebatar a mulher tem como pano de fundo textos como Isaías 8: 7,8 e Jeremias 47:2, em que os ataques dos inimigos do povo de Deus são comparados como correntes de um rio. As asas de águia remontam a Êxodo 19:4, em que a libertação divina do Egito é comparada às asas desse animal. Já o deserto, em muitas ocasiões, foi o refúgio do povo de Deus de seus inimigos (I Sm 23:14-15 e I Rs 19:4). Em síntese, todas as informações trazem a ideia de libertação ou fuga.
Como visto, as descrições das duas mulheres são bem distintas. Em primeiro lugar, a prostituta não está em um deserto, mas diante de muitas águas. Em segundo lugar, o próprio capítulo 12 é claro em dizer que Deus salvou a mulher e a preservou/alimentou por esses 1260 dias, temporada em que muitos advogam ser quando a mulher se corromperia. Fiquem com Deus!
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