Quem é o Servo Sofredor: o Messias ou Israel?


"Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos". Isaías 53:4-6

A paz do Senhor! Hoje, vamos refletir sobre Isaías 53, um dos textos mais marcantes do Antigo Testamento para os cristãos, pois descreve de forma detalhada o sofrimento e a morte do nosso Salvador, Jesus Cristo, como parte do plano redentor de Deus. No entanto, essa interpretação não é unânime. Judeus ortodoxos, muçulmanos e críticos da fé cristã entendem que o "servo sofredor" mencionado no capítulo se refere ao povo de Israel, que historicamente tem enfrentado opressões e perseguições. Eles apoiam essa visão com várias referências bíblicas. Diante dessas perspectivas divergentes, é importante analisarmos o texto à luz das Escrituras e compreender por que, para os cristãos, Isaías 53 é uma clara profecia messiânica. Mas vejamos os textos usados por aqueles que negam o Senhor:

"Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor , o meu servo a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá". Isaías 43:10

"Lembra-te destas coisas, ó Jacó, ó Israel, porquanto és meu servo! Eu te formei, tu és meu servo, ó Israel; não me esquecerei de ti." Isaías 44:21

"Por amor do meu servo Jacó e de Israel, meu escolhido, eu te chamei pelo teu nome e te pus o sobrenome, ainda que não me conheces". Isaías 45:4 

Para um cristão que nunca teve contato com essas citações, pode ser um verdadeiro choque ver críticos da fé cristã utilizando passagens bíblicas para tentar invalidar nossa crença no Messias. No entanto, tais argumentos são baseados em meias verdades que, se não forem devidamente esclarecidas, podem se transformar em mentiras. No início, muitos judeus reconheciam o "Servo Sofredor" de Isaías como uma profecia messiânica, mas, com o tempo, essa interpretação foi alterada. A razão? O texto é tão claro em sua descrição que muitos passaram a rejeitá-lo como messiânico, por parecer apontar diretamente para Jesus, a ponto de alguns preferirem associá-lo à nação de Israel. É difícil ler essa passagem e não pensar imediatamente em Jesus.

Agora, comecemos por um texto que traz grande desconforto àqueles que negam a messianidade de Cristo:

"Ouvi-me, terras do mar, e vós, povos de longe, escutai! O Senhor me chamou desde o meu nascimento, desde o ventre de minha mãe fez menção do meu nome; fez a minha boca como uma espada aguda, na sombra da sua mão me escondeu; fez-me como uma flecha polida, e me guardou na sua aljava, e me disse: Tu és o meu servo, és Israel, por quem hei de ser glorificado. Eu mesmo disse: debalde tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças; todavia, o meu direito está perante o Senhor, a minha recompensa, perante o meu Deus. Agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó e para reunir Israel a ele, porque eu sou glorificado perante o Senhor, e o meu Deus é a minha força. Sim, diz ele: Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz para os gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra." (Isaías 49:1-6)

Embora o "servo" seja chamado de Israel, ele é incumbido da missão de salvar Israel. Claramente, temos dois "Israéis": um é o salvador e o outro, o que será salvo. Este único texto já é suficiente para desmontar a visão contrária, não é? Além disso, devemos lembrar que na Bíblia, é comum que a descendência seja referida pelo nome de seu antecessor:

"Farei deles uma só nação na terra, nos montes de Israel, e um só rei será rei de todos eles. Nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos. Nunca mais se contaminarão com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com qualquer das suas transgressões; livrá-los-ei de todas as suas apostasias em que pecaram e os purificarei. Assim, eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. O meu servo Davi reinará sobre eles; todos eles terão um só pastor, andarão nos meus juízos, guardarão os meus estatutos e os observarão. Habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual vossos pais habitaram; habitarão nela, eles e seus filhos e os filhos de seus filhos, para sempre; e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente." (Ezequiel 37:22-25)

O texto acima faz clara referência à descendência de Davi (que neste caso é o Messias), que é chamada simplesmente pelo nome do patriarca. Por ser descendente de Israel, não é novidade o Salvador ser chamado por esse nome, assim como é chamado por Davi em Ezequiel 37.

Isaías 42 e 61 e a função do servo 

Mas vamos para o começo, que vem a partir do capítulo 40. É muito recorrente Deus, convocar anunciadores de boas novas. No capítulo 41 de Isaías, Ele desafia os ídolos a provarem sua divindade anunciando eventos passados ou futuros, revelando sua inutilidade. Em Isaías 41:27, Deus declara: "Eu sou o que primeiro disse a Sião: Eis! Ei-los aí! E a Jerusalém dou um mensageiro de boas-novas", destacando que apenas Ele é capaz de suscitar acontecimentos e enviar mensageiros a proclamar Seu propósito eterno.

Tendo em mente essa ideia de anunciadores de boas novas a Israel, agora vamos traçar um paralelo entre Isaías 42 e 61:

"Eis aqui o meu Servo, a quem sustenho, o meu Eleito, em quem se compraz a minha alma; pus o meu Espírito sobre ele; juízo produzirá entre os gentios. Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça. A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; em verdade, produzirá o juízo. Não faltará, nem será quebrantado, até que ponha na terra o juízo; e as ilhas aguardarão a sua doutrina. Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus, e os estendeu, e formou a terra e a tudo quanto produz, que dá a respiração ao povo que nela está e o espírito, aos que andam nela. Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por concerto do povo e para luz dos gentiospara abrir os olhos dos cegospara tirar da prisão os presos e do cárcere, os que jazem em trevas." Isaías 42:1‭-‬7 ARC

"O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os presos; a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória." Isaías 61:1‭-‬3 ARA

Como visto, a descrição que fiz questão de colocar em negrito é idêntica a do evangelista do capitulo 61, que certamente não é Israel. A frase para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos e do cárcere, os que jazem em trevas do 42 também é devastadora para aqueles que negam o Senhor

A cegueira e prisão de Israel são temas recorrentes em Isaías 29 e se refletem na promessa de restauração presente no capítulo 41. Em Isaías 29:9-24, Deus descreve a cegueira do povo, dizendo: "Estatelai-vos e ficai estatelados, cegai-vos e permanecei cegos; bêbados estão, mas não de vinho; andam cambaleando, mas não de bebida forte. Porque o Senhor derramou sobre vós o espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, que são os profetas, e vendou a vossa cabeça, que são os videntes" (Isaías 29:9-10). Ele os entrega a um "profundo sono", tornando "toda visão já se vos tornou como as palavras de um livro selado, que se dá ao que sabe ler, dizendo: Lê isto, peço-te; e ele responde: Não posso, porque está selado" (Isaías 29:11). Porém, o Senhor promete transformação: "Naquele dia, os surdos ouvirão as palavras do livro, e os cegos, livres já da escuridão e das trevas, as verão" (Isaías 29:18), trazendo salvação para os humildes e restaurando a sabedoria e entendimento para os errantes de espírito.
Vemos claramente acima que esse povo cego é Israel, e o Servo tem o dever de dar visão espiritual à nação. Inclusive o fato de estar em trevas é referenciado nas duas passagens, isto é, em Isaías 29 e 42. Com essas informações em mente, o verso abaixo, que é muito utilizado para negar nosso Senhor Jesus torna-se totalmente explicado:

"Surdos, ouvi, e vós, cegos, olhai, para que possais ver. Quem é cego, como o meu servo, ou surdo, como o meu mensageiro, a quem envio? Quem é cego, como o meu amigo, e cego, como o servo do Senhor? Tu vês muitas coisas, mas não as observas; ainda que tens os ouvidos abertos, nada ouves. Foi do agrado do Senhor, por amor da sua própria justiça, engrandecer a lei e fazê-la gloriosa. Não obstante, é um povo roubado e saqueado; todos estão enlaçados em cavernas e escondidos em cárceres; são postos como presa, e ninguém há que os livre; por despojo, e ninguém diz: Restitui".
Isaías 42:18‭-‬22 ARA

O renomado  Comentário de Púlpito também uma nota muito relevante sobre Isaías 42: 7:

 "Versículo 7. - Para abrir os olhos dos cegos . O Messias deveria curar tanto fisicamente quanto. cegueira espiritual (veja Isaías 29:18 ; Isaías 32:3 ; Isaías 35:5 , etc.). Aqui é a cegueira espiritual que é especialmente pretendida, como aparece tanto pela linguagem simbólica das duas cláusulas conjuntas quanto pelo comentário dos vers. 16-19. Para tirar os prisioneiros da prisão ; antes, para trazer prisioneiros. Para libertar da escravidão do pecado, como são seus escravos, e trancar em suas prisões. A promessa é geral, mas, como todas as promessas espirituais, condicionada pela disposição daqueles que são seus objetos de se valer dela. Aqueles que se sentam na escuridão (comp. Isaías 9:2 )". Isaías 42:7

Reflexão em cima de Isaías 42, 49, 61 e Malaquias 3

É necessário ser muito alienado intelectualmente para, ao ver todas essas referências, não entender que o Servo Sofredor seja alguém distinto da nação. E como mostrei em sublinhado, no 42, o servo foi estabelecido como pacto do povo e luz das nações. Esse ''do povo'' é muito dificil de ser uma referência às outras nações e não a Israel por quatro motivos:

1) Ficaria redundante, pois os gentios já estão incluídos em ''luz das nações'';

2) Ser "luz das nações" também é função do servo restaurador de Israel do capítulo 49:
"Sim, diz ele: Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz para as nações, para seres a minha salvação até à extremidade da terra". Isaías 49:6

3) Há, como mencionado acima, uma relação de funções entre os personagens do 42 e 61, e este é claramente alguém a parte de Israel como todo, já que ele anuncia as boas novas a Jerusalém/Sião; ademais, o 42 e 61 apresentam o servo como o meio pelo qual Deus cumprirá suas promessas a Israel feitas no capítulo 29 e em outras partes.

4) Fazer um pacto com o povo de Israel também é função do Messias: 
"Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o mensageiro da aliançaa quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos". Malaquias 3:1
Aqui, judeus e cristãos, pelo menos na sua maioria, concordam que o mensageiro da aliança ou pacto seja o Messias.

Se entendermos Malaquias 3 como uma referência ao Messias, torna-se mais coerente ver em Isaías 42 uma descrição do mesmo Mediador. Ambos são retratados como agentes de transformação espiritual, sendo mediadores de pactos que visam restaurar o povo de Israel. Malaquias 3 fala da purificação de Israel, o que se alinha perfeitamente com o papel do Servidor descrito em Isaías 42, que traz a luz para os cegos espirituais e estabelece a justiça entre as nações. Além disso, Isaías 53 reforça a ideia de um Messias que traz purificação através do sofrimento, algo que complementa o trabalho de redenção mencionado em ambos os textos. Seria incoerente e até contraditório imaginar que esses versículos se referem a dois pactos distintos com Israel, pois a continuidade entre as promessas de purificação e restauração aponta para um único e mesmo Mediador, o Messias.

Além disso, se a aliança de Isaías 42 é a mesma firmada pelo Senhor em Malaquias 3, que é uma pessoa, o próprio texto de Isaías 52, em sua literalidade, apresenta o Servo Sofredor como um ser individual em relação aos demais seres humanos: 
 "Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime. Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de qualquer outro, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens),  assim causará admiração às nações, e os reis fecharão a boca por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram entenderão." Isaías 52:13-15 (ARA)

Como visto e constantemente enfatizado até o momento, tanto Isaías 42 e 49 falam de alguém que se relaciona com Israel, e que tem o dever de ser um mediador de um pacto e restaurador dessa nação, descartando completamente a visão anticristã. 

O famoso capítulo 53

Entretanto, como fica Isaías 53? A resposta se encontra no verso 8:

"Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido". Isaías 53:8 ARA

Embora aparentemente este texto aparenta ser irrelevante para a identidade do Servo Sofredor, ele mostra um detalhe pouco analisado por muitos leitores: a expressão “meu povo” que é utilizada quase que exclusivamente por Deus à nação de Israel. Vejamos exemplos:

"Porque assim diz o Senhor Deus: O meu povo no princípio desceu ao Egito, para nele habitar, e a Assíria sem razão o oprimiu". Isaías 52:4 ARA

"Por isso, o meu povo saberá o meu nome; portanto, naquele dia, saberá que sou eu quem fala: Eis-me aqui". Isaías 52:6 ARA

"Ponho as minhas palavras na tua boca e te protejo com a sombra da minha mão, para que eu estenda novos céus, funde nova terra e diga a Sião: Tu és o meu povo". Isaías 51:16 ARA

"Atendei-me, povo meu, e escutai-me, nação minha; porque de mim sairá a lei, e estabelecerei o meu direito como luz dos povos". Isaías 51:4 ARA

Estes são apenas alguns dos inúmeros casos em que Deus chama Israel por “meu povo”.  Sim, o servo morre pelos erros do povo de Deus, Israel!

Muitos, para negarem óbvio, tentam uma tradução diferente, atribuindo o eu-lírico a alguém das nações, e não a Deus. O grande problema desse argumento é desconsiderar a estilística de Isaías no capítulo 53. As falas de Deus estão sempre no singular, enquanto a do povo, sempre no singular: “nossas transgressões”, “nossas enfermidades”, “cada um de nós”, etc. Logo, mesmo se fosse alguém das nações, o mais plausível era ser “transgressão do NOSSO povo”, já que o servo, estaria, segundo esse vertente interpretativa morrendo por causa da transgressões de várias nações.

Alguns também alegam que este texto identifica o servo como a nação:

"Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca". Isaías 53:7 ARA

E ligam com este salmo:

"Mas, por amor de ti, somos entregues à morte continuamente, somos considerados como ovelhas para o matadouro"Salmos 44:22 ARA

Porém, essa expressão não é utilizada somente para Israel, mas até para ímpios, e parece mais uma sentença de morte sem possibilidade de escape:

"Justo és, ó Senhor, quando entro contigo num pleito; contudo, falarei contigo dos teus juízos. Por que prospera o caminho dos perversos, e vivem em paz todos os que procedem perfidamente? Plantaste-os, e eles deitaram raízes; crescem, dão fruto; têm-te nos lábios, mas longe do coração. Mas tu, ó Senhor, me conheces, tu me vês e provas o que sente o meu coração para contigo. Arranca-os como as ovelhas para o matadouro e destina-os para o dia da matança". Jeremias 12:1-3 ARA

"Babilônia se tornará em montões de ruínas, morada de chacais, objeto de espanto e assobio, e não haverá quem nela habite. Ainda que juntos rujam como leões e rosnem como cachorros de leões, estando eles esganados, preparar-lhes-ei um banquete, embriagá-los-ei para que se regozijem e durmam sono eterno e não acordem, diz o Senhor. Fá-los-ei descer como cordeiros ao matadourocomo carneiros e bodes". Jeremias 51:37-40 ARA

 Porém a parte onde a diferença é mais gritante trata-se da moralidade do Servo de Isaías 53 com Israel:

*O do capítulo 53 é justo e nunca foi encontrado engano em sua boca;

*Israel, retratado no 42: 18-22 e em outras partes, além de desobediente, é cego e surdo espiritualmente.

 *Isaías 53 fala de alguém, um "homem de dores" (v. 3) (não uma nação de dores), que passou por um juízo opressor, foi condenado e executado injustamente. Essa execução sararia as enfermidades espirituais dos errados;  Israel foi exilado e massacrado pelos próprios erros, e não curou as enfermidades espirituais da Babilônia. Ao contrário, o próprio capítulo 47 fala da destruição da cidade:

"Desce e assenta-te no pó, ó virgem filha de Babilônia; assenta-te no chão, pois já não há trono, ó filha dos caldeus, porque nunca mais te chamarás a mimosa e delicada. Toma a mó e mói a farinha; tira o teu véu, ergue a cauda da tua vestidura, desnuda as pernas e atravessa os rios. As tuas vergonhas serão descobertas, e se verá o teu opróbrio; tomarei vingança e não pouparei a homem algum". Isaías 47:1‭-‬3 ARA

É claro que nós, não judeus, somos, mediante a cruz, coparticipantes dessa aliança e promessa, como também parte do povo de Deus (Ef 2: 11-20), mas o público descrito em Isaías é primariamente israelita.

Quando vemos as características positivas do Servo de Isaías 53 e ligamos com o 49, em que Ele tem o dever de restaurar Israel, muitos que negam o Senhor Jesus apelam para a hipótese de ser o remanescente justo de Israel. Agora a dúvida insolúvel para eles é saber qual remanescente de Israel tem a função de fazer um pacto com o povo (Is 42: 6, Ml 3: 1) e ser a salvação até as extremidades da terra (Is 49: 5,6). Seria o que eles chamam de Messias? Talvez, né?

Em síntese, Isaías 49:3-6 revela dois servos distintos: um é identificado como Israel, que tem a missão de glorificar a Deus, e o outro é o Messias, cuja tarefa é restaurar e salvar Israel e também servir de luz para os gentios. Esse segundo servo, descrito claramente como um homem (Isaías 52:14 e 53:3), que atua para a redenção, não pode ser a nação de Israel, uma vez que sua função é justamente trazer salvação ao próprio povo e aos gentios. Em Isaías 42:6, o servo é chamado para ser uma aliança do povo e luz para os gentios, além de ter o poder de abrir os olhos dos cegos, o que é uma referência ao papel do Messias em curar a cegueira espiritual de Israel, conforme descrito em Isaías 29:9 e 42:18, onde Israel é descrito como espiritualmente cego e surdo. Esses textos contrastam a condição de Israel com a missão do servo que vem para curar e restaurar. Adicionalmente, Isaías 53:8 menciona que o servo foi cortado da terra dos viventes por causa da transgressão do povo, indicando que o "meu povo" se refere a Israel. Esse detalhe é crucial porque mostra que o sofrimento do servo é em benefício de Israel, o que é uma característica central do Messias. Dito isso, creio que não haja mais nada a acrescentar. Fiquem com Deus!



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