Satanás seria uma oferta?

Também tomará ambos os bodes e os porá perante o Senhor, à porta da tenda da congregação. Lançará sortes sobre os dois bodes: uma, para o Senhor, e a outra, para o bode emissário. Arão fará chegar o bode sobre o qual cair a sorte para o Senhor e o oferecerá por oferta pelo pecado. Mas o bode sobre que cair a sorte para bode emissário será apresentado vivo perante o Senhor, para fazer expiação por meio dele e enviá-lo ao deserto como bode emissário.

Levítico 16:7‭-‬10 ARA

   A paz do Senhor a todos! Hoje mostrarei mais uma barbaridade interpretativa de um ramo sectário. Eles acreditam que o bode do Dia do Perdão que era levado ao deserto simboliza Satanás que, levaria os pecados da humanidade durante o milênio. Para eles, depois que Jesus vir e destruir o anticristo, a terra passará mil anos deserta, estando Satanás sozinho, igual ao bode que seria enviado ao deserto. A interpretação é bonitinha, mas vamos logo para a interpretação correta e que a Igreja em 2 mil anos sempre acreditou. Vamos fazer uma comparação entre Jesus e o bode emissário:

   Arão porá ambas as mãos sobre a cabeça do bode vivo e sobre ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, todas as suas transgressões e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem à disposição para isso. Assim, aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles para terra solitária; e o homem soltará o bode no deserto. Levítico 16:21‭-‬22 ARA

  Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu. Isaías 53:5‭-‬6‭, ‬11‭-‬12 ARA

Agora vamos aos fatos:

*O bode era, como todas as ofertas e sacrifícios, sem defeito, obviamente tipificando Jesus, e não Satanás, não é mesmo?

*A mesma linguagem atribuída ao bode é aplicada ao Servo Sofredor. Alguém sabe de uma passagem onde o diabo carrega o pecado dos outros? A Bíblia está toda cheia de passagens referentes a Jesus;

*O bode saindo do meio do povo para a região desértica é idêntico a Jesus saindo do meio de Jerusalém para o Gólgota;

*Os ritos da Lei eram sombras de Cristo e seu corpo, a Igreja (Cl 2: 16, 17), não de um demônio;

*Apocalipse 20 não aborda o diabo sendo abandonado em uma terra desértica. Alguns também citam Jeremias 4: 23-27, mas este texto fala hiperbolicamente de quando o povo judeu foi levado cativo para a Babilônia e a cidade ficou desolada:

    Ao clamor dos cavaleiros e dos flecheiros, fogem todas as cidades, entram pelas selvas e sobem pelos penhascos; todas as cidades ficam desamparadas, e já ninguém habita nelas. Agora, pois, ó assolada, por que fazes assim, e te vestes de escarlata, e te adornas com enfeites de ouro, e alargas os olhos com pinturas, se debalde te fazes bela? Os amantes te desprezam e procuram tirar-te a vida. Jeremias 4:29‭-‬30 ARA

    Logo, qualquer pessoa tenente a Deus e sincera afirmará que os dois bode (como também o novilho e o próprio sumo sacerdote) tipificam o nosso Senhor Jesus.

Uma desculpa esfarrapada

   Boa parte dos adventistas, tentando negar o óbvio, recorrem aos originais para tentar achar chifre na cabeça de jumento. É duro dizer isso, mas é verdade. Tentam dizer que o bode, no hebraico, seria Azazel, um demônio, que na cultura antiga habitaria no deserto. O verso 8 ficaria assim:

    "E lançará sortes quanto aos dois bodes: uma para o Senhor e a outra para Azazel". 

   Isso validaria a interpretação adventista? Não! Veja bem, o Templo era tido como a Casa do Senhor (Sl. 122: 1); já o deserto, segundo algumas fontes (não todas!), era tido como a habitação de Azazel. Ou seja, um bode iria para o Templo, casa de Deus,  para ser sacrificado, e o outro para o deserto, casa do capiroto! O bode não era o demônio; ele iria para a habitação do diabo.


Como os irmãos primitivos entendiam

   Agora postarei duas opiniões de pessoas que viveram no século 2, que confirmam a mesma opinião que temos hoje: o bode simboliza Jesus, não Satanás.

   Que o sacerdote tome o primeiro como holocausto pelos pecados." E o que farão com o outro? Ele diz: "O outro é maldito." Notai como a figura de Jesus é manifestada. "Cuspi todos nele, transpassai-o, coroai sua cabeça com lã escarlate e, desse modo, seja expulso para o deserto". Feito isso, aquele que leva o bode o conduz ao deserto, tira-lhe a lã e a coloca sobre um arbusto chamado sarça, cujos frutos costumamos comer quando nos encontramos no campo. Somente os frutos da sarça são doces. O que significa isso? Prestai atenção: "O primeiro bode sobre o altar, o outro é maldito". Justamente o maldito é que é coroado. É que eles o verão, naquele dia, trazendo sobre sua carne o manto escarlate, e dirão: "Não é este que outrora crucificamos, depois de o ter desprezado, transpassado e cuspido? Na verdade, era este que então se dizia Filho de Deus". Qual a sua semelhança com aquele? São bodes "semelhantes", "belos", iguais, para que quando o virem então vir, fiquem espantados com a semelhança do bode. Eis, portanto, a figura de Jesus que devia sofrer. E por que se coloca a lã no meio dos espinhos? É uma figura de Jesus proposta para a Igreja: porque os espinhos são terríveis, aquele que quer pegar a lã escarlate deve sofrer muito, e deve apossar-se dela através da dor. Ele diz: "Dessa forma, aqueles que desejam ver-me e alcançar o meu Reino devem passar por tribulações e sofrimentos, para se apossar de mim". (Epístola de Pseudo-Barnabé, cap. 7 do século 2).

   Também os dois bodes que se mandava sacrificar no jejum eram iguais; um deles era feito emissário e o outro se destinava ao sacrifícios . Anunciavam as duas vindas de Cristo: numa delas, os vossos anciãos do povo e sacerdotes o enviavam como emissário, lançando suas mãos sobre ele e matando; na outra, no mesmo lugar de Jerusalém, reconhecereis aquele que foi desonrado por vós e que era a vítima de todos os pecadores que queiram fazer penitência e jejuar, conforme aquele jejum a que se refere Isaías, rompendo os laços dos contratos violentos e observando tudo o que o profeta enumera e que nós citamos antes, e é justamente o que fazem aqueles que crêem em Jesus. (Diálogo com Trifão de Justino de Roma, séc. 2, pg. 40)


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